domingo, 10 de dezembro de 2006

Areias Movediças



As dunas na Costa da Caparica estão a desabar a um ritmo preocupante.
Para começar aqui vai uma ideia: saiam de cima das dunas, idiotas.
Gostava de saber onde é que andam a QUERCUS e a GEOTA. Estarão distraídos a tentar filmar abetardas, a desencalhar baleias moribundas, ou a lavar os dentes a mexilhões engasgados com crude?

Acho extraordinário o destaque que está a ser dado à questão da Protecção Civil e da prevenção neste episódio. Eu quero lá saber do lixo que está em cima das dunas!
Eu gostaria bastante que os proprietários das construções em cima da dunas fossem obrigados a permanecer dentro das ditas pela GNR. E que não andássemos a gastar dinheiro público para proteger os que durante anos infringiram as mais óbvias regras de construção.

Espero sinceramente que o mar galgue as dunas, destrua as construções clandestinas, e afogue sem remorso os que têm contribuído para a destruição de um património ambiental arruinado sem pudor. E que o mar, já agora, afogue também os responsáveis políticos pela calamidade que é a Costa da Caparica.

Construções desordenadas, em altura, anacrónicas, barracas ao estilo português misturando o contraplacado e a Lusalite, hortas de frutas e legumes, churrascarias que metem medo aos restaurantes chineses mais sujos, dunas e canaviais, uma única estrada de acesso, estacionamento selvagem. Sim, parece uma descrição demasiado abrangente do que são as zonas de veraneio em Portugal, mas estou a falar especificamente da Costa da Caparica. E não devia ser uma mera preia-mar, deveria ser um tsunami a terraplanar uma zona que é disso mesmo que precisa - começar de novo.

Talvez esteja a ser demasiado exigente. Pôr em causa a Costa é afinal pôr em causa todo o litoral português. Um fenómeno em que passo-a-passo se foi degradando o património natural em prol sabe-se lá de quê. Contam-se pelos dedos das mãos os lugares em Portugal onde se pode ir a uma praia tranquila, limpa, com um enquadramento harmonioso, com boas condições de acesso, boa restauração e infraestruturas de suporte. Ah, enganei-me, afinal não se contam pelos dedos das mãos. Não existem. Ou pelo menos eu não conheço. E era isso que eu gostava de ter.

Não tenho aqui o Borda d'Água à mão, mas espero que venham aí marés-vivas, e que no meio de tudo alguma coisa se salve, e que finalmente alguém comece a fazer as perguntas certas sobre o porquê da situação da Costa.

Sem comentários: