sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007



Albert Pinkham Ryder
Moonlit Cove
1911

A verdade eleitoral



Para quem pensasse que já tudo foi dito sobre o recente referendo, desenganem-se. Para os que como eu assistiram entediados a toda a pseudo-análise repleta de lugares comuns da cobertura televisiva da noite do referendo, aqui fica a análise fundamental dos resultados - os extremos do referendo!

Por curiosidade, e porque nunca sabemos se um dia vamos ter que mudar de casa e ir viver para uma freguesia do Portugal profundo e ter que conviver com os habitantes locais, decidi procurar os resultados mais esmagadores que os meios pequenos propiciam. O que encontrei foi fenomenal.

Em Portugal há 42 freguesias com menos de 100 eleitores. São as freguesias em que as pessoas se metem todas num autocarro e dizem "vamos votar". São as freguesias, onde o simples acto de abrir uma mesa de voto dá prejuízo ao estado. Podíamos seguir os exemplos de encerramento de escolas e estabelecimentos de saúde periféricos e pôr esta gente a votar numa freguesia maior. Mas deixemos a reforma do estado para depois e adiante.

Em S. Bento de Ana Loura (freguesia mais pequena de Portugal), do Concelho de Estremoz, distrito de Évora, dos 38 eleitores recenseados, apenas 15 votaram. Todos votaram Sim! É unânime. É esmagador. Estes 15 eleitores provavelmente vivem num Kolkoze e no dia de São Cunhal fazem um daqueles desfiles tipo Coreia do Norte. Aconselharia a Kátia Guerreiro a não ir viver para S. Bento de Ana Loura.

Em Brufe, freguesia do Concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga, dos 62 eleitores recenseados, apenas 33 votaram. 31 Não, 1 Sim, 1 em branco. 97% votaram Não. É brutal. O eleitor que votou Sim, e estragou o consenso, provavelmente ou é um freak alemão perdido ou um analfabeto pró-vida que pura e simplesmente se enganou. Para o Bloco de Esquerda deixo o conselho de não abrir uma delegação em Brufe.

De um meio um pouco maior sai um surpreendente empate. Em Castelo Bom, freguesia do Concelho de Almeida, distrito da Guarda, dos 234 eleitores recenseados, apenas 70 votaram. 34 Não, 34 Sim, 2 em branco. Muito desinteressante.

Aconselho vivamente uma consulta aos sites da Comissão Nacional de Eleições e do STAPE para poderem descobrir a maravilha que é este Portugal democrático e diverso.

Uma última sugestão, sugiro um jogo de Futebol seguido de patuscada entre o S. Bento de Ana Loura FC e o Desportivo de Brufe.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Leituras



À semelhança de "Os Maias" e "The Great Gatsby", o "Código da Estrada" é um daqueles livros que a certa altura das nossas vidas fomos obrigados a estudar. Mas, se por um lado não me interessa se as pessoas não sabem as histórias de Carlos Eduardo e Nick Carraway , já por outro, não saberem fazer o pisca para sinalizar uma manobra me irrita profundamente.

Claro está que os piscas são umas luzinhas muito engraçadas, particularmente decorativas, que a maior parte das pessoas usa de improviso, num cada vez mais predominante "estilo livre". Mas, asseguro-vos, as tais luzinhas engraçadas têm também uma fascinante vertente funcional. E legal.

Recomendo a todos uma re-leitura desta obra prima da literatura portuguesa, que no esplendor dos seus 175 artigos, nos oferece pérolas literárias que certamente enriquecerão as nossas vidas.
Não resisto a deixar-vos um belo excerto do artigo 20º:

"Quando o condutor pretender reduzir a velocidade, parar, estacionar, mudar de direcção ou de via de trânsito, iniciar uma ultrapassagem ou inverter o sentido de marcha, deve assinalar com a necessária antecedência a sua intenção."

Simples como Hemingway.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Revelação



MEU AMOR ABRE A JANELA
Letra: Tiago Torres da Silva
Música: Armando Machado (Fado Santa Luzia)

Meu amor, abre a janela
que eu vou passar junto dela
quando chegar a tardinha
mas não chames o meu nome
porque a saudade encontrou-me
e eu posso não estar sozinha

Prendi no peito uma flor
que diz mais do meu amor
do que promessas sem fim
mas não venhas a correr
que ninguém deve saber
o que tu sentes por mim

E depois não tenhas medo
que eu sei amar em segredo
e vou passar de mansinho
sem levantar a cabeça
pra que ninguém me conheça
tu podes não estar sozinho

Só quando a noite cair
é que me atrevo a subir
para te pôr na lapela
a flor da minha saudade
mas como o frio nos invade
meu amor, fecha a janela!

Espectacular cantado por Maria João Quadros

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007



Gustave Courbet
The Cliff at Etretat after the Storm
1869