segunda-feira, 24 de março de 2008

Agressões II

O Fisco, cada vez mais iluminado na forma como combate a evasão fiscal, virou-se agora para os casamentos.

Incentiva-se os recém-casados a prestar informações detalhadas sobre os agentes económicos e transacções associados ao casamento. Segundo a carta citada pelo jornal Público, o Fisco conduz "uma campanha inspectiva e de prospecção no sector da restauração". E terá pensado que a melhor forma de apanhar os prevaricadores é ameaçar os pombinhos a responder a um monte de perguntas muito complicadas.

Isto é tão estúpido a tantos níveis que nem sei por onde começar. Não vale a pena falar de leis, direitos, deveres, sujeitos passivos nem obrigados tributários. Como tal termino com sugestões de respostas a dar pelos "inquiridos":

- "Não me lembro mas pode ser que o meu advogado se lembre"
- "Foi em Setembro que eu conheci a minha Carlota. Os passarinhos doentes que não tinham migrado chilreavam com a satisfação dos últimos dias de sol. Ao fundo, as neves outrora eternas do Kilimanjaro jorravam montanha abaixo numa suave canção de embalar."
- Responder com perguntas em estilo judaico - "E não somos todos convidados da vida?"
- Sacar uma lista de funcionários do Ministério das Finanças e incriminar toda a gente - "O fotógrafo foi o Director da Repartição de Finanças de Águeda, a boda foi servida pelas funcionárias das finanças do Algueirão"
- Incriminar o clero, a quem obviamente a administração fiscal tem alguma, digamos, dificuldade em chegar - "o Sr. Prior é que tratou de tudo"
- Fazer-se de desentendido e responder com os pormenores da noite de núpcias - "Então ela desapertou o soutien, alçou as trinta e duas saias e o véu e o catano, e eu pus-me por trás e pim, pim, pim"
- ...

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