quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Passeio dos Tristes



Manifestação de militares. Ora aí está um conceito engraçado.
A lei de facto não é igual para todos. Há categorias profissionais que, por inerência das funções, prescindem de direitos reinvindicativos, de associativismo e de sindicalismo, entre outros. Os militares, os Magistrados, os Presidentes, os Deputados, são exemplos claros de profissionais que vêm limitadas as suas formas de luta. Isso, é claro, em troca de outros privilégios.

É esquisito o conceito de sindicato dos ex-Presidentes da República, de manifestação dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, e obviamente de manifestação de militares.
Também me parece claro que um passeio de militares contra as ordens da hierarquia militar poderá constituir uma infracção complicada de gerir.

Parece que estou a ver um militar do exército, fardado, armado, com um cartaz a dizer "Abaixo o Governo" a ser interpelado por um Polícia de Intervenção a dizer "o camarada importa-se de afastar um pouco a sua G3 para facilitar que eu lhe acerte uma bordoada no lombo com o meu bastão?". É por isto que um militar não se pode manifestar.

Para melhorar este passeio de tristes, aparece o Governo Civil de Lisboa a proibir o dito.
Mas quem raio é o Governo Civil de Lisboa? O que é que esta gente faz sem ser supervisionar sorteios e concursos? Alguém estará interessado nas opiniões e medidas deste organismo?

Espero apenas que as chefias militares saibam lidar com elegância com a eventual desobediência dos seus homens, e que por outro lado, alguém trate de investigar os salários, produtividade e relevância do grande órgão que é o Governo Civil de Lisboa.

A última vez que houve um passeio de militares em Lisboa chamou-se 25 de Abril

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