O país que não existe
Este cartaz mexe comigo. A tantos níveis que é difícil começar.
Poder-se-ia pensar tratar-se de publicidade à Pepsodent, mas não, são as Novas Oportunidades.
Se este programa Socrático deixa estes sorrisos nas pessoas, aconselho seriamente que o evitem.
Parece que a formação do Novas Oportunidades inclui uma lavagem ao cérebro e um implante de bocas todas iguais.
Mas é o jovem sorridente de carapinha que me deixa pasmado.
Como os modelos tinham todos um ar muito eugénico, e para dar um ar de diversidade, os crânios da publicidade acharam bem usar um "jovem português de descendência africana". Como em Portugal isso é coisa rara, optaram por pintar a cara do Martim de castanho e pôr-lhe uma cabeleira afro de Carnaval. Romperam-se as barreiras do Restaurador Olex! Um branco sorridente, de olhos azuis, forcado amador do grupo de Vila Franca de Xira, pintado de castanho e de carapinha, não é realmente natural. Não havia mesmo um preto giro disponível?
E com esta incompetente ligeireza se vai passando uma imagem de um país que não existe. E pormenor a pormenor, nos vamos dando conta do quão longe estamos do país que com sorrisos nos vão vendendo.