sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Ele regressa



Aqui fica, para vossa comodidade, um cartão de Boas Festas que podem imprimir e enviar para os vossos mais chegados, em paz, amor e fraternidade.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006



James Whistler
Nocturne: Blue and Silver - Cremorne Lights
1872



Frederic Edwin Church
Twilight in the Wilderness
1860

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Referendo



Esta é a pergunta para o referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, também conhecida como aborto, de dia 11 de Fevereiro.

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Trata-se de um referendo que irá possibilitar a criação de uma excepção a uma lei mais genérica, onde, no fundo, o aborto continua a ser ilegal. Inevitavelmente as paixões vão tratar de transformar a campanha numa questão de vida versus opção. Mas, no fundo trata-se de abrir uma excepção que procura não estigmatizar as mulheres que tenham recorrido ao aborto em certas situações.

Os advogados do Apito Dourado, que não estão a dormir, já gizaram uma nova opção de estratégia de defesa. Se o argumento de que as leis que regem a corrupção desportiva são inconstitucionais não colar, vão fazer campanha para mudar a pergunta do referendo para:

"Concorda com a despenalização da corrupção desportiva e tráfico de influências, se realizada, por opção dos dirigentes desportivos, durante o Campeonato, em competições desportivas regidas por árbitros comprados?"

domingo, 10 de dezembro de 2006

Boas notícias



Morreu Augusto Pinochet. Agora passemos às más notícias.
Nem a morte de Pinochet, nem a recentemente celebrada morte de Pieter Botha, nem a condenação de Saddam Hussein à morte afastam definitivamente o fantasma das ditaduras do Mundo.
33 é o número. Hoje, mais do que 10% dos países ainda são governados, ou melhor desgovernados, por ditadores.
Eis a lista dos ilustres que ainda faltam desaparecer:

  1. Omar Bongo, Gabão
  2. Muammar al-Qaddafi, Líbia
  3. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, Guiné-Equatorial
  4. José Eduardo dos Santos, Angola
  5. João Bernardo Vieira, Guiné-Bissau
  6. Robert Mugabe, Zimbabwe
  7. Hosni Mubarak, Egipto
  8. Paul Biya, Camarões
  9. Zine El Abidine Ben Ali, Tunísia
  10. Omar Hasan Ahmad al-Bashir, Sudão
  11. Idriss Déby, Chade
  12. Yahya Jammeh, Gâmbia
  13. François Bozizé, República Centro-Africana
  14. Ely Ould Mohamed Vall, Mauritânia
  15. Fidel Castro, Cuba
  16. Abdullah bin Abdulaziz, Arábia Saudita
  17. Sabah Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah, Kuwait
  18. Hamad bin Khalifa, Qatar
  19. Khalifa bin Zayed Al Nahayan, Emirados Árabes Unidos
  20. Abdullah II of Jordan, Jordânia
  21. Ayatollah Ali Khamenei, Irão
  22. Bashar al-Assad, Síria
  23. Islom Karimov, Uzbequistão
  24. Saparmurat Niyazov, Turquemenistão
  25. Ilham Aliyev, Azerbaijão
  26. Maumoon Abdul Gayoom, Maldivas
  27. Pervez Musharraf, Paquistão
  28. Than Shwe, Myanmar
  29. Hu Jintao, China
  30. Kim Jong-il, Coreia do Norte
  31. Sonthi Boonyaratglin, Tailândia
  32. Igor Smirnov, Transnistria
  33. Alexander Lukashenko, Bielorússia

Areias Movediças



As dunas na Costa da Caparica estão a desabar a um ritmo preocupante.
Para começar aqui vai uma ideia: saiam de cima das dunas, idiotas.
Gostava de saber onde é que andam a QUERCUS e a GEOTA. Estarão distraídos a tentar filmar abetardas, a desencalhar baleias moribundas, ou a lavar os dentes a mexilhões engasgados com crude?

Acho extraordinário o destaque que está a ser dado à questão da Protecção Civil e da prevenção neste episódio. Eu quero lá saber do lixo que está em cima das dunas!
Eu gostaria bastante que os proprietários das construções em cima da dunas fossem obrigados a permanecer dentro das ditas pela GNR. E que não andássemos a gastar dinheiro público para proteger os que durante anos infringiram as mais óbvias regras de construção.

Espero sinceramente que o mar galgue as dunas, destrua as construções clandestinas, e afogue sem remorso os que têm contribuído para a destruição de um património ambiental arruinado sem pudor. E que o mar, já agora, afogue também os responsáveis políticos pela calamidade que é a Costa da Caparica.

Construções desordenadas, em altura, anacrónicas, barracas ao estilo português misturando o contraplacado e a Lusalite, hortas de frutas e legumes, churrascarias que metem medo aos restaurantes chineses mais sujos, dunas e canaviais, uma única estrada de acesso, estacionamento selvagem. Sim, parece uma descrição demasiado abrangente do que são as zonas de veraneio em Portugal, mas estou a falar especificamente da Costa da Caparica. E não devia ser uma mera preia-mar, deveria ser um tsunami a terraplanar uma zona que é disso mesmo que precisa - começar de novo.

Talvez esteja a ser demasiado exigente. Pôr em causa a Costa é afinal pôr em causa todo o litoral português. Um fenómeno em que passo-a-passo se foi degradando o património natural em prol sabe-se lá de quê. Contam-se pelos dedos das mãos os lugares em Portugal onde se pode ir a uma praia tranquila, limpa, com um enquadramento harmonioso, com boas condições de acesso, boa restauração e infraestruturas de suporte. Ah, enganei-me, afinal não se contam pelos dedos das mãos. Não existem. Ou pelo menos eu não conheço. E era isso que eu gostava de ter.

Não tenho aqui o Borda d'Água à mão, mas espero que venham aí marés-vivas, e que no meio de tudo alguma coisa se salve, e que finalmente alguém comece a fazer as perguntas certas sobre o porquê da situação da Costa.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

O dia que o Samba morreu



Hoje, a propósito do lançamento do livro MPB.pt, de Carlos Vaz Marques, compilando entrevistas a grandes vultos da cultura brasileira que passaram pelo programa Pessoal e Transmissível, pus-me a pensar no tempo em que eu gostava do Brasil.

Todos nos lembramos de um grande país simpático chamado Brasil. País irmão. País de onde veio a novidade que era a Telenovela, lançando um olhar novo sobre uma sociedade urbana moderna, um pitoresco período colonial e esclavagista, uma era de imigração e integração no início do século XX, e claro, a literatura e universo de Jorge Amado e outros grandes escritores. Portugal amava este Brasil.

País de magos do futebol que com o seu génio e sorrisos sambavam em campo com uma tropicalidade elegante e admirável de quem tem o Carnaval no pé. País da simpatia, das praias maravilhosas, da eternamente apelativa Amazónia dos índios, da preservação, da luta dos trabalhadores.

País de génios musicais mundiais como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Hermeto Pascoal, Elis Regina, Chico Buarque e Caetano Veloso. Génios com um papel fundamental no desenvolvimento da música no século XX e que representaram e representam muita da melhor criação e divulgação da língua portuguesa.

O que aconteceu a este país?

Por um lado, eu desencantei-me com o Brasil. O facto de ter vivido no Rio de Janeiro e ter contactado directamente com a realidade brasileira chocou-me. As assimetrias sociais não são divertidas como nas telenovelas. São indecentes e assustadoras. A forma como os extremamente ricos e os extremamente pobres convivem no dia-a-dia torna este país algo incompreensível. Tornam-no triste, pesado, artificial, falso. É uma feijoada com champanhe muito indigesta e que me pesa particularmente no estômago.

Por outro lado, de repente, motivado pelo súbito afluxo de emigrantes brasileiros, Portugal passou a não gostar deste País.
Vinham fazer os trabalhos que nós não queríamos fazer, falavam num sotaque com que nós não queríamos falar, e causavam muito incómodo em muita gente e que subitamente passou a defender um Portugal para os Portugueses (e até talvez para os de Leste que até são muito instruídos e falam muito bem português). E o Samba morreu.

Subitamente, os Morangos com Açúcar vendiam melhor que a Escrava Isaura, os jogadores de futebol eram fiteiros da favela, a música brasileira deixou de soar tão harmoniosa, as mulheres brasileiras meras prostitutas, os brasileiros criados de mesa preguiçosos ou beatos evangelistas. O Brasil passou a ser um país de visitantes indesejados e pacotes de férias baratos - onde por acaso se fala português.

Portugal, por um lado sofria de complexos xenófobos próprios de um país que não estava habituado a lidar com a emigração, e por outro, vingava-se, a frio, das piadas de Manuel e Joaquim com que os emigrantes portugueses, nos meados do século XX, foram recebidos no Brasil.

E este país existe? Talvez na cabeça de alguns. Não na minha.

O meu Brasil é, afinal, um grande País. Grande no tamanho, grande no intelecto, grande na invenção, grande na produção industrial, grande nas ambições, grande nos recursos, grande nas dificuldades de desenvolvimento e equilíbrio social, mas o mais importante, grande na vontade.
E enquanto estudo a inovadora mas complexa estrutura harmónica e progressão de acordes da bossa de Jobim, ou leio comovido a poesia de Buarque, não tenho qualquer dúvida que temos todos muito a aprender com este Brasil.

domingo, 3 de dezembro de 2006

Evidências



Por falar em polónio, é formidável a recente história do assassinato do suposto ex-espião Alexander Litvinenko.

A opção por um método de assassinato tão rebuscado como o recurso a uma substância raríssima que se produz apenas em algumas instalações nucleares em todo o mundo só pode querer dizer uma de duas coisas: ou os assassinos não querem ser descobertos mas são completamente idiotas; ou sabem muito bem o que fazem e quiseram passar uma noção inequívoca da ligação dos mandantes ao governo russo.

É como misteriosamente matar o Bin Laden com uma overdose de Big Macs e tentar convencer a opinião pública de que nada teve a ver com os Estados Unidos.
Ou, melhor, o presidente da Liga de Futebol ser assassinado depois de levar com um contentor de Galos de Barcelos em cima e dizer-se que a culpa não é do Gil Vicente FC!

Papa de Sarrabulho



A viagem de Bento 47 à Turquia correu bem - não foi assassinado.
De resto, os 23 católicos Turcos e os 14936 católicos beatos enviados em camionetas de excursão pelo Vaticano rejubilaram com a presença do Santo Padre em terras Otomanas. O momento alto das cerimónias registou-se quando Ratzinger, na cerimónia em S. Sofia, largou um bocado a Bíblia e leu alguns excertos do Código Da Vinci.

Mas não se pense que tudo foram rosas. Sabe-se agora que as forças de segurança conseguiram evitar um macabro atentado cujo plano envolvia hóstias de polónio 210 e um enorme tacho de Frango de Cabidela. "Não é tanto o polónio que nos preocupa, o Papa hóstias está muito habituado à corrosividade, mas a Cabidela poderia danificar gravemente o Santo aparelho gastro-intestinal".